sexta-feira, setembro 17, 2010

Mais do que nunca...seduzidas

Um cabaret com altas doses de risco. Um triple salto mortal no palco que nom dá medo porque sabemos que debaixo está a cama mole da MÚSICA, feita com delicadeza e talento, sobretudo, muito talento. Com detalhes e densidade, porque como a fam namber chú dixo: o menino cresceu...

Sim, aquele menino que foi Marful no primeiro disco cresceu, madurou, fixo-se grande e agora surpreende-nos com uma música para deleitar-nos aos poucos, repetindo e repetindo até ter o sabor de cada pormenor adherido, bailá-lo, tarareá-lo e degustá-lo.

Tudo foi precioso, no sentido mais etimológico da palavra precioso: uma pérola de grande valor. O bodegom que ficou ali como testemunha, uma natureza nada morta -disso damos conta as que pudemos aceder a um pouquinho da centola- fazia pressagiar o que nos esperava.

Ugia Pedreira, ia dizer como sempre, mas nom, melhor ainda do que sempre, tivo uma força e uma presência que acompanharam a música da mao. Todo um afincamento no cenário, com os pés bem colocados e em ritmo. Vestiário acorde com a ocasiom, dança, riso, e muito muito valor. A sua voz, versátil e poderosa, dominada e brincalhona.

Os músicos, comunicativos, passando-o bem e fazendo sentir outra vez o milagre, passando das cançons mais estomacais -das que se agarram ao estômago e te deixam sem ár até dous segundos de silêncio depois- às mais dançáveis e ligeiras. Houvo tempo para cançons antigas, do primeiro disco, mas; quem di que som as mesmas? As cançons de sempre com ares novos. Improvisaçom que eles fam parecer fácil.

Porque que nom é um disco fácil é evidente, mas ninguém precisa da facilidade na música, na arte. Precisamos mais do que nunca de obras que nos movam, com-movam, nos fagam rir e sim, se for preciso, chorar.

Esta é uma viagem que nos vai levar tempo e sempre terá descobertas que fazer. Muitas lembranzas cinematográficas, um pouco de sofisticaçom, um percurso onírico, uma paisagem misturada de lugares e sabores que vamos vendo através da janela deste manual, e tantas cousas mais que se escapam a esta fam namber guam cheia de sono ma nom troppo.

Todo foi precioso: o Xacobe convidando a vinho, saúde para ti também, o Luis Alberto com os seus brinquedos de menino tirando som dos lugares mais inesperados, o Marcos com a toquilha, o Pablo com o megáfono e o Pedro a soas ou com Ugia e acordeom. Todo foi precioso.

Na imprensa, nalgum lugar, vimos que Marful era o grupo impossível. Mas nom, Marful é o grupo possível porque suma no seu seio uns artistas com um talento sem medida, o suficientemente generosos como para pôr esse talento ao serviço do grupo, do conceito Marful e, sobretudo, ao serviço da MÚSICA.

Sem comentários: